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Em algum momento da sua vida você se deparou com queda de produtividade no trabalho em decorrência de problemas pessoais? De repente um filho doente, uma reforma na casa, um esgotamento mental? Provavelmente sua resposta será sim!

Dentre os problemas pessoais, uma situação silenciosa que impacta muitas organizações, e que poucas vezes está no radar da gestão de pessoas, são os problemas financeiros de seus colaboradores. Dados da Pesquisa Global Benefits Attitudes divulgada em 2017 mostram que a satisfação financeira do brasileiro piorou de 2013 a 2017:

Não é uma conclusão difícil de se chegar, visto que o país têm enfrentado uma das maiores crises econômicas, com patamares elevados de desemprego. Contudo, também pode sugerir um perfil de comportamento: o brasileiro não se prepara para as situações de crise (ou imprevistos financeiros), e isso abala sua autoconfiança e bem-estar com dinheiro.

De fato, o brasileiro não tem a cultura de poupar. Ao longo da vida, pouco aprendemos sobre educação financeira e a importância de investir e planejar o futuro . 

Uma pesquisa da CNDL junto com SPC Brasil e Banco Central, divulgada em 2019, revela que 60% dos brasileiros não se preparam para a aposentadoria. Entre os que não fazem qualquer tipo de plano financeiro para o futuro, 36% alegam não sobrar dinheiro no orçamento...  

O resultado desse cenário de falta de educação em relação ao próprio dinheiro é uma quantidade preocupante de adultos endividados e que, por conta da falta de organização financeira, não sabem como sair dessa situação.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 60,1% das famílias brasileiras têm algum tipo de dívida, enquanto 22,9% está inadimplente (dados de 2019).

Mais do que uma questão pessoal, esse fenômeno gera problemas também no ambiente de trabalho, o que tem levado muitas empresas a se preocuparem com a situação financeira dos seus colaboradores e assumirem a responsabilidade de ensiná-los a administrar melhor o seu dinheiro.

Endividamento, produtividade e bem-estar

A preocupação crescente das empresas com a saúde financeira seus funcionários tem razão de ser: um profissional com dificuldades financeiras representa, em média, 2,6 dias de faltas no ano e 18,8 dias de presenteísmo (ao todo são 21 dias úteis no ano de queda de produtividade, praticamente um mês). Além disso, a pesquisa da Global Benefits Attitudes revela que 62% dos trabalhadores brasileiros afirmam estarem preocupados no curto e longo prazo com a sua situação financeira, e a maior parte das famílias brasileiras só dá atenção às finanças quando as dívidas saem do controle. Isso reverte em impacto direto na produtividade e qualidade de escolhas na vida e no trabalho. 

Já pensou se essa estatística do país encontra reflexo dentro de sua empresa? O que significa ter mais de 60% da organização com queda de produtividade de um mês ao ano em decorrência de questões financeiras? Considere isso levando em conta também a baixa produtividade do trabalhador brasileiro (há pesquisas que mostram que o brasileiro leva 1 hora para produzir o que americano faz em 15 minutos). 

E não é difícil entender o porquê desses números. Pessoas endividadas tendem a apresentar níveis mais elevados de estresse e irritabilidade, prejudicando a concentração e, consequentemente, sua produtividade. Além disso, os problemas financeiros costumam gerar dificuldades de relacionamento no trabalho, por conta da dificuldade do funcionário em acompanhar o estilo de vida dos colegas e pelos sentimentos de fracasso e incompetência que a situação pode trazer. E não pára por aí: questões financeiras também são apontadas como fatores decisivos para término de relacionamentos e, até que isso tenha um desfecho, há muito desgaste emocional. Por isso, e por muito mais, apesar de estar fisicamente no local de trabalho, a pessoa desconecta-se da atividade e tende a direcionar sua energia para a angústia que a falta de dinheiro provoca.

A falta de educação financeira ainda traz outros problemas, como a dificuldade de lidar com as tentações de consumo, a tomada de empréstimos sem planejamento e incapacidade de poupar pensando no futuro, o que gera uma bola de neve de novos endividamentos e insegurança em relação ao futuro.

Detectando problemas financeiros nos colaboradores

É preciso que a empresa atente aos sinais que podem alertar para casos de funcionários que estejam passando por dificuldades financeiras. E o setor de RH tem um papel importante nesse diagnóstico.

Embora a queda de produtividade possa ser um indicativo, a demanda por crédito consignado, pedidos de adiantamento de 13º salário e a venda total ou parcial do período de férias merecem atenção por parte da empresa.

Alto índice de faltas e casos de funcionários que pedem para ser demitidos para que possam ter acesso às verbas rescisórias também podem indicar sinais de que é necessário investir na educação financeira dos colaboradores.

Educação financeira para funcionários: como fazer

Existem diferentes formas de abordar o assunto finanças pessoais e é importante cuidado, pois muitas pessoas sentem-se constrangidas em reconhecer e expor suas dificuldades com o dinheiro.

Uma boa forma de abrir os canais de diálogos a esse respeito é levar conhecimento até os funcionários dentro das empresas de modo a orientá-los. Isso pode ser feito por meio de palestras, workshops, coachings e conteúdos específicos. A realização de cursos continuados que ajudem os colaboradores a adquirirem hábitos melhores em relação ao dinheiro é outro passo importante.

Concomitantemente ao conhecimento, sempre que possível, é saudável disponibilizar  canais privados de acompanhamento, atendimento e apoio psicológico, jurídico e financeiro, incentivando as pessoas a falarem sobre sua situação e buscarem auxílio.

É fundamental que essas medidas sejam direcionadas a todos os funcionários, uma vez que a falta de educação financeira atinge a todos, independentemente do salário que recebam. Afinal, saber organizar as contas, poupar e investir não tem a ver com a renda: pessoas que ganham pouco podem ser grandes poupadores, da mesma forma que grandes salários podem vir acompanhados de grandes dívidas.

Por isso, é importante apontar que ações como conceder aumento de salários e benefícios, sem que haja um investimento consistente na educação financeira dos funcionários, são potencialmente inócuas ou paliativas.

Sem os conhecimentos necessários para realizar uma adequada gestão das suas finanças, é provável que eles voltem a enfrentar problemas financeiros que vão afetar sua produtividade no trabalho.

Benefícios da educação financeira para funcionários

Além de ajudar a se livrar de suas dívidas e tirar o desgaste emocional decorrente delas, a educação financeira faz com que os funcionários sejam conscientes da necessidade de poupar para que possam realizar seus sonhos e objetivos, sejam eles pessoais ou profissionais. Um profissional com objetivos pessoais a conquistar  tem motivação para trabalhar.

Além disso, um funcionário com uma vida financeira estável e consciente das suas escolhas, passa a observar os recursos da empresa com maior responsabilidade. Da mesma forma que elimina desperdícios em casa, corrige desperdícios dentro da empresa, já que passa a observar o todo de forma diferente. Ainda, minimizadas as preocupações com o dinheiro,  minimizam-se também os problemas com faltas e ausências, promovendo um aumento na produtividade, na satisfação profissional e no ambiente de trabalho.

A sua empresa investe na educação financeira de seus funcionários?